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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Pouco a pouco

Não faz muito eu não tinha esperanças no futuro. Traçava metas e objetivos e os perseguia com toda garra na esperança de alcançar um resultado melhor, e em tamanha hipocrisia, lutando por um futuro em que não realmente acreditava e sustentando aqueles que se desesperavam com a força de uma grande mentira eu juntei um grande fardo.

Pouco a pouco perdi-me em mim mesmo, em algum momento em minha vida eu me esqueci do por quê de eu haver me tornado aquilo que hoje sou, em algum ponto na jornada eu perdi o foco e comecei a viver apenas pelas vitórias, não só em minha vida mas na daqueles que me importavam, e continuei a lutar mais e mais, comprava brigas sem pestanejar, seguia em frente não importando o que tivesse que derrubar, engolia tudo que quisesse gritar contra meus planos e seguia em frente com tudo que tinha.

Pouco a pouco eu me esqueci de ser humano, esqueci de sofrer e simplesmente aproveitei a vida, mais que tudo e mais que todos eu queria simplesmente tirar dela cada gota que ela podia me dar, e ainda assim me faltava fé no futuro, ainda assim eu me esquecia de tantas coisas importantes, eu me esquecia de sofrer, de chorar, de gritar, de amar livremente, de ser tolo, de falhar miseravelmente, coisas tão incrivelmente importantes na construção de tudo que somos.

Pouco a pouco eu me cansei, eu me desgastei, eu acabei tentando ser mais do que possivelmente poderia, eu me matei tentando ser aquilo que projetava, eu fui além do necessário pra realmente não precisar de descanso, pra realmente ser capaz de segurar as pontas, pra realmente ser maior que os problemas, e eu contava com nada mais que um grande ego e um Deus pra me mover e me suprir. Eu realmente acreditei por tanto tempo que eu realmente poderia segurar tudo e todos em minhas mãos sem verdadeiramente contar com ninguém.

Pouco a pouco eu juntei um fardo de tamanha magnitude que eu nem mesmo conseguia enxergar, e me esqueci de fato que ele estava la. Tentava ter esperanças em dias de descanso, tentava ter esperanças de que um dia eu seria arrancado do meu equilíbrio e poderia ser complementado de uma forma além do que eu poderia imaginar.

E de uma só vez tudo que eu guardei e menti e suprimi me ocorreu, senti o peso de cada lagrima chorada em meus ombros, de cada conselho dado, de cada segredo recebido, de cada batalha perdida, de cada luta vencida a altos custos, de cada reviravolta negativa, de cada decepção, de cada frustração, de cada traição... de tudo, tudo aquilo que neguei e rejeitei. E me deixei consumir por um ódio e decepção sem tamanho, e a pequena falta de esperanças que eu guardava em mim se tornou uma grande escuridão capaz de superar qualquer força de luta e de quebrar qualquer fundamento que eu poderia construir com minha força de vontade.

E eu briguei, odiei, bradei, chorei, gemi, me contorci, solucei, sofri, culpei, xinguei, cuspi ao céu e descarreguei naquele que tanto me tentou avisar que eu tomava o caminho errado. Mas em amor, com paciência, em paz, sendo simplesmente maior, sendo incrivelmente melhor, Ele me falou tudo aquilo que eu precisava ouvir, como tantas vezes antes, como eu sempre soube que ele iria fazer, ele me quebrou e abriu de uma maneira que eu jamais fiz a alguém.

E eu me curei, lavei, recuperei, cresci, me abri, aprendi tanto, tanto que mal posso digerir. Hoje eu posso ter esperança sincera, hoje eu posso dar aos perdidos o calor da minha alma, hoje posso sorrir diante do que a tão pouco me causava tormento, hoje eu tenho a paz que poucos tem o privilégio de conseguir explicar, hoje eu tenho a paz que Deus tanto lutou pra me dar. Os problemas e os medos não acabaram, os desejos não foram atendidos e os sonhos não foram concretizados, porém, hoje eu posso olhar esse céu cinzento e ter no coração algo maior, muito maior do que eu sonhei.

Tem um cara muito sagaz e legal lá em cima que pode te ajudar.

~Dreamchaser

1 comentários:

Kiran disse...

Muito bonito Mano ... acho que cairam um monte de fichas para ti, não foi? .... estás a crescer ... forte abraço

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