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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

yume (sonho)

Hoje, olhando para uma folha de cálculos eu vi o céu.
Hoje, fugindo de minha mente esbarrei num presente de Deus.
Hoje, sem uma razão sequer, em um momento qualquer...
Eu sonhei.

Algo tão vivido e límpido que em profunda sinestesia quase pude tocar e cheirar as cores daquele mundo,
Algo tão intenso e concreto que pude sentir o gosto da chuva que caia dos céus e o carinho das gotas a deslizar minha face e pingar dos meus lábios
Algo tão incrível que tive que parar de fazer tudo que estava fazendo naquele instante
E então, por breves segundos eu pude quebrar o tempo espaço e visitar uma realidade alternativa e irrelevante.

     Em meio a uma avenida qualquer a chuva cai pesada em um mundo cinza e sem graça, as ruas parecem desertas, talvez mesmo abandonadas. Não há ninguém por perto, sequer uma única alma humana. Começo a andar sem destino sentido o toque da solidão escorrer com as gotas de chuva à profundeza de minha alma.

    Mas uma doce voz me chama a seguir em frente, e uma brisa gentil que me afaga os cabelos trazendo o perfume suave de um lugar mais amigo... Mas a caminhada é longa e fico cansado, não me lembro como cheguei onde estou e me sinto simplesmente acabado, será que aquela doce voz estava a mentir para mim? será que eu estava apenas sendo enganado? Olho pros céus decepcionado, sinto aquele mundo inóspito envolta de mim, sinto a chuva em todo meu corpo enquanto murmuro coisas que nem mesmo eu entendi.

   E baixando a cabeça com lagrimas nos olhos e um peso na alma; Tudo acontece mais rápido do que possa plenamente definir, ao toque e sabor da chuva se une o gosto e calor de um tenro beijo... Da Vida, que me afaga os cabelos e me chama de bobinho, palavras são desnecessárias diante do seu toque e olhar e naquele momento a vida parece emanar sua presença a tudo que me cerca e aquele mundo morto ganha cores e começa a se movimentar, o universo ressuscita.

A chuva diminui e o céu se abre aos poucos como que para celebrar, a Vida me olha nos olhos e em meus braços começa a se dissipar e junta seu rosto ao meu como que para me lembrar; que ela sempre vai estar comigo, que enquanto Deus deixar ela é minha amada cumplice e me serve de abrigo.

Eu volto a meu universo, mas não de mãos vazias,
Tenho ainda a memoria daquele momento,
E as palavras mudas que a Vida deixou...

Permita-se sonhar,
~Dreamchser

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